quarta-feira, setembro 24, 2008

Ainda o defensor da grande pátria...

Apercebi-me no outro dia do que tanto me agrada em Hugo Chávez. Não são as boutades, nem os afrontamentos verbais ao Señor Peligro aka Mister Danger. Não são os ideais de esquerda, muito menos quando aplicados e ao serviço da visão da grande pátria em que, ele, Hugo "Bolivar" Chávez será o farol a mirar. Nem é o "Aló Presidente". Nem é o facto de ele ser muito mais inteligente e interessante do que a maior parte das pessoas está disposta a admitir. Também não é a profusão do vermelho. Não. O que verdadeiramente me agrada em Hugo Chavez é ele tornar visível aquilo que muitas vezes teima em permanecer invisível. Isto é, a falta de tolerância, a falta de bom senso, a falta de honestidade, por parte da Europa, dos EUA, do Ocidente esclarecido {presume-se}. A arrogância e a ignorância com que o Ocidente fala e aborda as questões venezuelanas, para não dizer mundiais {no sentido "do resto do mundo"}, são candidamente expostas pelos discursos de Chávez. Não pelas suas palavras, não pelo seu programa e conteúdo, mas antes pelas reacções às suas palavras. Não pelos seus gestos e grimaces, mas antes pelo asco e pela repulsa que despoletam. Porquê tanto ódio e tanta desconfiança perante o outro, aquele outro? Essa, sim, é a pergunta intrigante. Mais do que os porquês e comos da eleição de semelhante personagem. O abuso de poder, a idiotice desbragada, a prepotência, a falta de sentido das mais elementares noções de civilidade, e tantas outras falhas que usualmente lhe apontam, bom, eu descubro tudo isso e todas elas nos seus detractores. No fundo, o que Chávez me diz constantemente é «mira alrededor, Carlos». E eu olho, se olho.

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