sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Sócrates Brasileiro

Ontem foi o aniversário deste "barbas", de seu nome Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Desde já os meus parabéns {mesmo que atrasados} a esse grande homem que ajudou a mudar a minha vida para sempre. Mal eu sabia... Apetece-me relembrar as minhas próprias palavras {escritas aqui em Junho do ano passado, por ocasião do Euro2008} a propósito desse capitão barbudo e do escrete canarinho de 1982.

«A primeira selecção que apoiei foi a do Brasil de Sócrates e companhia. Era forçoso que assim fosse, pode dizer-se, uma vez que o meu primeiro Mundial foi o de 1982, o do Naranjito, em Espanha. Foi nesse ano que acompanhei com algum interesse {difícil saber o quanto}, pela primeira vez, um acontecimento desta natureza. O Euro de 1980 {em Itália} e o Mundial de 1978 {na Argentina} passaram-me ao lado, mas o Naranjito cativou-me {e como não?} e despertou-me para esta realidade dos países, com exércitos de 11, em grupos de 4 e depois em eliminatórias a doer, todos com um único objectivo, o de erguer a taça. Bom, as regras eram estas e estavam entendidas, mas faltava-me algo. Torcer por alguém. Portugal não estava lá {embora figure na caderneta dos cromos de então...}, mas eu queria na mesma jogar aquele jogo. Logo, era preciso torcer por outro alguém. E o Brasil pareceu-me a solução óbvia, ou possível, ou alguém mo suspirou? E naquela altura, do alto dos meus 11 aninhos, eu convenci-me de que aquela era uma turma especial. Fiquei hipnotizado. Não sei se era o azul e o amarelo, se a barba do Sócrates {eu diria que é impossível ficar indiferente a um jogador de barba...}, se era aquele ar doidão do Falcão, se a magia do Zico, mas aqueles eram decididamente os meus tipos. Para quem, como eu, começava naquele momento a admirar aqueles duelos colectivos, aquelas guerras pacíficas {ou nem tanto}, aquele Brasil era a escolha óbvia. E naquele fatídico jogo frente a Paolo Rossi {nunca um hat-trick, numa altura em que nem sequer sabia que tal coisa existia, me soube tão mal...} eu saboreei o amargo da derrota, a injustiça injustificável. Foi um baptismo terrível. Ali começava a minha devoção ao mundo da bola e ali eu chorei pela primeira vez por causa de um resultado de um jogo de futebol. Encontrava-me de férias no hotel da Torralta {o amarelinho; o mesmo amarelinho do escrete...} na serra da Estrela com o meu pai, nunca me esquecerei. Vi o jogo dentro do hotel, numa televisão na sala de estar, em silêncio, angustiado. Terminado o jogo, fui dar uns toques de bola, na relva, lá fora, com o meu pai. Sempre em silêncio. Aguentando em surdina algo de muito estranho para mim. Até que rebentei e chorei como a criança que era. É isto que guardo daquele que foi, provavelmente, o melhor escrete canarinho de sempre. A minha primeira selecção, como as primeiras escolhas?, foi efémera e amarga...»

A fotografia e a indicação do seu aniversário foram prestadas pelo botequim imaginário do Bruno Ribeiro. O meu agradecimento e o conselho geral de lá darem uma saltada, que valerá sempre a pena.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ganda vizinho?

Seu blog está du caralho. Precisa começas a ganhar dinheiro com isso...Sobre o post, nós, da turma de 71, jamais esqueceremos a Canarinho de 82. E veja bem, Paolo Rossi é detalhe desinportante, we made our point. E isso de jogador de barba é verdade; a única coisa de 78 de que me lembro é do Batista, um zaqueiro gaucho (argentino ou uruguaio) de batia muito.
Grande abraço e beijinos para o seu harém.

Seu Vizinho,
PS: Não me denuncie, ando com problemas com o SEF.