quarta-feira, junho 17, 2009

Dear John Deere

Ontem vi um homem morto matar dois dos seus vários filhos. Como dizia um dos que acabou por escapar à espiral de violência, «ele vai ser julgado pelo que fez de mal e não pelo bem que fez». As mães {biológicas} assistiam, impávidas e não tão serenas, à distância. Impressionante como um homem mesmo já morto detém ainda o poder da destruição. Como se da morte dele tivessem resultado ainda uma série de ondas concêntricas cheias de energia destruidora que, tal como uma pedrada num lago, gerassem eventos imprevisíveis. Felizmente que, tal como no lago assim é na vida, as ondas acabam sempre por se desvanecer na acalmia que as leis da física impõem.

Mas o mais interessante mesmo, para mim, foi ver como esse homem morto provisoriamente encarnou num tractor verde e amarelo que teimosamente insistia em não pegar. Como se quisesse evitar à força o tal julgamento de que falava o filho acima. Quando finalmente resolveu arrancar sons e vibração do seu motor, fumo negro subiu no ar, e a matança parou. Cada um seguiu, finalmente, o seu caminho pessoal e intransmissível. Cheio dos seus próprios erros e não mais dos erros alheios.

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