quarta-feira, julho 15, 2009

Similitudes



Esta fotografia da minha filha mais nova, tinha ela uns 5 meses, anda, desde então, a perseguir-me. Saltou quase imediatamente para o desktop do PC cá de casa e diariamente a vejo ali, redondinha, uma lua-cheia amorosa, mas sempre recortada, como a vemos aqui. No dito desktop eu olho para a fotografia completa, com fundo, com sofá, com áreas desfocadas, mas o que me fica ali a tinir na retina do mental é este recorte, este balão misterioso, sempre esta vinheta. E sempre a sensação de que algo de muito íntimo se espelha nesta fotografia tão recente, tão inexperiente. Como se nos conhecessemos há já muito tempo. Esta carinha redonda tem despertado em mim sensações de memórias, mas de memórias que não se dão a mostrar, que não se revelam. É estranho ter emoções mexidas por memórias que não se identificam. Um bom estranho.

Pois hoje de madrugada {creio mesmo que foi naquela fase de passagem do a dormir para o acordado, numa espécie de lusco-fusco revertido entre o consciente, o inconsciente e o subconsciente}, pois hoje, uns meses passados desta constante relação diária, desta persistência, dei-me conta da ligação. A similitude deu-se a mostrar. A Máscara Misteriosa que marcou indelevelmente a minha infância está estampada {pelo menos para mim, que a mãe dela apenas encolheu os ombros...} na carinha marota da Júlia. Não se trata apenas de um álbum do Spirou. Trata-se "do" álbum do Spirou. A intriga, o medo, o delírio, Tati muito antes de Tati, o frenesim, o mal, os tempos e luzes e matizes e cheiros do dia e da noite, o "outro", o desespero, a febre e, finalmente, o clímax que esta aventura de Spirou e Fantásio derramava ocuparam de novo as minhas horas. E tudo graças à similitude. Por isso existia uma estranheza instalada. Agora que os motivos da estranheza estão identificados, resta-me explorar os motivos dos motivos. Que me quer ainda esta carinha laroca {marota?} mostrar, dizer, sussurrar? A ver em próximos capítulos...


5 comentários:

Covas Dauro disse...

Uma relação de facto maravilhosa. Bela fantasia. Grande Fantásio. Linda Júlia.

aquelabruxa disse...

lol, eu tinha esse livro! realmente, quando colocas a cara da júlia assim recortada no vazio faz lembrar a máscara. assim que li "um álbum do spirou" pensei logo neste. bolas, acabei de descobrir que já não me lembro da estória...
mas a primeira sensação que me deu ao ver a cara da júlia aqui foi que é parecida contigo.

aquelabruxa disse...

e "o conde de talmorol", não era uma história também? em que ele inventou um "spray" que derretia metal? eu adorei ler essas estórias.
(nunca tinha escrito "estória" em vez de "história". continuo a não gostar).

vlunardi disse...

Caro Carlos

Deves imaginar o que anda esta gaja a futucar postagens passadas?!? Pois é... Mas o que interessa é que acabo de ver a foto da linda Júlia!! Sem conhecê-la, dou-te meu veredito: parece muito com a mana Matilde! Beijos em Susana, Matilde e, agora, também na pequena Júlia! Aliás, quando voltam ao Brasil novamente? Abraço grande, Vera - consorte de Léo, mãe de Luiza, afilhada de Zé&Anita...

anauel disse...

Grande Vera!

Que bom "ver-te" por aqui.
Sim, de facto, há muitas parecenças entre elas (e mim, de resto...). Não sei se tens Facebook, mas se tiveres lá poderás ver bem mais fotos de ambas.
Quanto a uma ida a essa maravilhosa cidade... nada programado, infelizmente. Já a Susana estará aí no final do próximo Outubro.
Sei que mais uma festarola passou pelo Cosmopolita recentemente, um grande abraço no aniversariante. E também na sua Luiza que, imagino, deve estar gigante.

1 beijo muito grande deste lado de cá!