quarta-feira, junho 30, 2010

Advogado do Diabo {leia-se Blatter}...

Afinal ainda estou vivo... ainda não fui fulminado pelo Diabo... Mas vou fazer de advogado do mesmo e não resisto a sugerir a todos os que para aí andam escandalizados com as arbitragens {achando que a introdução da tecnologia vai resolver alguma coisa} a seguinte leitura. O sempre interessante professor Singer resolveu pronunciar-se {em parte} sobre a questão. E bem, diga-se em abono da verdade. Quem acha que a tecnologia serve para fornecer aquilo que os jogadores não conseguem {querem} fornecer não vai gostar do texto, aviso já... ;)

Quem acha que mais árbitros e câmaras em campo vão solucionar a eterna questão está enganado. O recurso a uma câmara no caso do golo de Lampard até que poderia ter contribuído para a maior justiça do resultado {ao intervalo, pelo menos}. Até poderia ter mudado o curso do jogo. nunca se sabe... Mas há inúmeras situações em que o erro dos árbitros pode ocorrer. Nomeadamente as do foro disciplinar. As que recorrem à avaliação subjectiva do árbitro. A intensidade das faltas, a manha, a perda de tempo, no fundo, muitas das questões que envolvem o famoso fair play. O que fazer nesses casos? Como poderá a tecnologia servir o futebol nesses casos? Stekelemburg não toca no eslovaco ao cair do pano no jogo contra a Eslováquia. O árbitro está de frente para ele, a 1 metro dele. E mesmo assim marcou penalty. O que fazer aqui? Uma reunião de árbitros? Uma votação entre pares, ali mesmo? Não me parece... Shit happens. E não é há pouco tempo que shit happens. É há muito tempo mesmo. É desde sempre. Os erros dos árbitros fazem parte do jogo, cada vez mais me convenço disto. Tanto como os erros dos jogadores. Já repararam que nunca perdoamos os erros dos árbitros, do mesmo modo como acabamos sempre por perdoar os erros dos jogadores? Quantas vezes um jogador falha um golo de baliza aberta? Ficamos lixados com o jogador, insultamos o tipo, e seguimos em frente. Com um árbitro não. Ainda hoje discutimos o golo {ilegal} inglês de 1966... Não há bonding possível com os árbitros. Só nos resta aceitar que os seus erros fazem parte do jogo.

Excepto, claro está, quando esse erros surgem de propósito, quando são premeditados. Mas aí já não são apenas erros, são resultado de corrupção, são já crime, e devem ser combatidos sem descanso. Não é isso que o pessoal anda a sugerir que se está a passar neste Mundial, pois não? Ou é?

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